Uma saudade morta

E já faz quase um ano que tudo se acabou. Que aquela vida frenética feita de mentiras, e nos vícios se acabou. Faz quase um ano que eu venho aprendendo a aceitar essa perda, e colocar o que prometemos em prática. Um ano. É tão estranho dizer que em um ano, eu mudei tanto, ás vezes acho que se você estivesse aqui, talvez estariamos juntos, naquela vida antiga, ou talvez teriamos morrido juntos. Parece anormal, mas pra mim morrer do lado de um amor é romântico,é bonito.  A morte até vale desse jeito, pra mim morrer assim seria uma morte bonita, porém se o amor for verdadeiro. Eu me confundo quando lembro do nosso amor, do jeito grosso que falava meu nome, dos tapas violentos que por várias vezes eu te dei, mas você gostava, por isso nunca precisei pedir desculpas. Aqueles beijos longos, que aconteciam numa voracidade como se nós dois estivessemos muito tempo sem comer. Você foi a primeira pessoa diferente, que eu aprendi a conviver. Claro que nenhum de nós somos iguais, mas alguém como você, sem dúvida na minha vida não passa mais. Por muitas vezes eu te odiei profundamente, eu odiava quando me tratava de uma maneira frágil, quando sorria maliciosamente pra mim. Eu odiava quando você sumia por dias, e depois exigia me encontrar no dia e hora que você queria, trazia presentes encantadores, e fazia como se nada tivesse acontecido. De verdade, você foi a única pessoa que me conheceu profunda e intensamente, conheceu a garota ingênua, porém ousada, uma garota ciumenta com força física de home talvez ? É, eu não gostava quando me chamava de menina-macho. Conheceu a garota do sorriso bonito, e de língua afiada. Ás vezes, paro pra relembrar de tudo que aconteceu, e da pessoa que eu fui, até um ano atrás. Hoje, me olho no espelho e não vejo nada de antes, é como se quando você morreu, aquela bravura, força e ambivalência que eram destaques na personalidade de uma garota revoltada tivessem sido enterradas com você. Tenho dúvidas se eu sempre fui aquela garota, ou se me tornei aquela garota por causa de você. Hoje, quando me olho no espelho, vejo uma garota indecisa, carente,  muito provável que sozinha, normalmente me sinto mais sozinha quando eu realmente me encontro sozinha. Eu fiz loucuras absurdas por causa de você, de nós. Aconteceu tudo rápido, e estranho. Pra hoje, lembrar do jeito implacável que você tinha quando me chamava de bandida, quando apertava meus braços me prendendo na parede, pra dizer que eu era sua e de mais ninguém, que enquanto você não sumisse, eu não ficaria com ninguém, talvez eram ameaças, mas eu não tinha medo delas, talvez se eu tivesse ouvido você, teria poupado muitas lágrimas, e dores desnecessárias que hoje machucam. Você. Você foi algo inesplicável, que ás vezes parece ter sido um sonho, misturado com pesadelos, muitas vezes chego a duvidar a sua própria existência em minha vida, porque eu vivi e aprendi muito com uma úncia pessoa que eu não sabia e não sei nada. Nunca conheci nada sobre você. E ainda sim, apesar de não saber nada sobre você, aconteceu tudo entre nós. Mas que seja, agora já acabou, ou melhor acabou a um ano atrás. Esteja onde estiver, sei que agora está em paz. E que as lembranças estão na mala, pra me confortar, ou me levar a loucura de vez, quem sabe. Você foi muito importante, ainda é. Possa parecer estranho, ou eu esteja ficando louca, mas eu te vejo em alguns lugares estranhos da minha rotina. Eu te vi uma vez pela janela do trem .. Você será eterno, Bruno.