Reticências e você e...



 Eu estou deitada na minha cama no escuro agora. E eu estou deitada chorando, ou talvez não. Não sei ao certo se é bem um choro, talvez um gemido ou até mesmo um sussurro de grito. Entre as frestas de luz que entram pela minha janela, eu vejo no teto o nosso passado juntos. Estou deitada agora ao som de Adele-Marjorie ou alguma rica com boa voz nem sei mais. As imagens estão embaçadas, e os sons inaudíveis agora. Lá embaixo meus pais estão brigando agora, provavelmente por futilidades, mas o que importa se é sempre a mesmice que me ronda? Disse que vi nosso passado juntos, e ele está tão estranho. Ontem eu te vi na rua, ouvi seu riso alto com essa voz aguda típico de quem está na puberdade. Mas você não me viu. Acho que foi bom você não me ver, talvez... Sei lá, só sei que vezenquando me pego pensando, como vai sua vida? Andamos sumidos e afastados um do outro, eu já nem sei mais como é seu cheiro, mas ainda lembro da sua voz. Já nem sei mais como são teus beijos, mas teus olhos, ah! teus grandes olhos que me comiam vorazmente  enquanto nos aproximava-mos um do outro, que fazia alguma coisa dentro do meu peito pular, teus olhos que me fizeram suspirar de tesão, ah! que pena teus olhos que já não vejo mais, que já não veêm mais também. Mas continuo deitada e pensando e chorando e lembrando e deixando sair todo o resto de lembranças e memórias e saudades e ilusões e ambivalências e mais coisas que você deixou em mim quando foi embora, ou quando eu fui embora? Mas eu nem te deixei, porque eu te queria tanto, como uma criança quer o peito entumescido de uma mãe. E escrevo com todos esses ''e'' sem vírgulas mesmo, porque foi tudo rápido, sem pausa, sem reflexão, foi tudo ação, foi tudo ... embora. Você não foi embora fisicamente, porque quem saiu de lá depois daquela conversa ... foi eu, foi eu que subi uma ladeira aos prantos, foi eu quem saiu sangrando, e quem eu queria, quem eu amava me deixou, ou trocou? Tanto Faz, talvez essa seja sua palavra preferida quando não tem respostas, Tanto Faz. Sabe o que é estranho? É que eu estou deitada agora no meu quarto com a luz apagada, a música parada, ouvindo a sua voz do fundo da sua lavanderia,que fica atrás do meu quarto. Talvez  você esteja na janela do seu quarto ou na sua área onde bate Sol, onde há muitos vasos de plantas, onde há você agora? Pra receber todos esses juros, todas essas emoções de merda, todas essas agonias que você me causou? ... 
Esse agora é o som que ultimamente muito ouço quando vezenquando penso em você, o som das reticências ... Mas reticência não tem som. Pois é. 

Eu preciso dizer que te amo



Brigamos e brigamos muito. Para ser exata, sempre que nos falamos ao telefone. Quase nunca há alguma palavra doce entre ambivalência e orgulho. Mas sim, eu sou sua menina. Brigamos muito mais quando estamos exaltos. Exaltos de beijos, de tapas, de cansaço depois de três horas entrelaçando-nos em lençóis. Pra você eu sou difícil, pra mim você tem uma personalidade mais que forte, louca Miguel!
Mas porque quando escutamos Lanterna dos Afogados, ou até  Cazuza, deitados no chão da sala, com livros de poemas como os  de Mario Quintana nos sentirmos bem? Comendo o livro, o cigarro, o café, nos comendo... É assim que te amo Miguel, é assim que nos amamos. Eis o fato mais estranho entre nós,  que somos como rosa e espinho. Nos damos bem quando estamos sozinhos, quando estamos nus, e bebâdos. Caso ao contrário, como diz Caio Fernando Abreu, vivemos como Atrolho...

 trechos de louca insensatez - Personagens do conto O que há em nós de niQue Barbosa.

Em matéria de amor, eu tô sempre repetindo de ano. 

( Tati Bernadi )



E nas últimas páginas do meu caderno, fica rabiscado um amor que é todo seu, mas que não se permite ir até você

 ( niQue Barbosa )

Conheci um alguém acidentalmente, me apaixonei de propósito e mais uma vez me machuquei - inevitavelmente...

 ( niQue Barbosa )

Conversando com Deus






Tenho em mim uma grande inquietação, que me diz que não morremos para descansar, é só uma segunda ( mas não última ) fase da vida, onde você vai para um lugar lindo, senta-se numa cadeira branca macia com muitas flores, num jardim onde as borboletas tranceiam seus cabelos, na sua frente um enorme piquinique, recheado de CUPCAKES' ali onde você está naquele momento é o lugar onde receberá as respostas para as mais incabíveis perguntas, umas outras que você achava até impossível. Ali á sua espera está um Senhor, que consegue ser mais bonito que um diamante lapidado, ele brilha e caminha ao seu encontro. Enquanto vocês conversam, você é tão sincero e inocente que chega a ser um ser humano forte demais para tentar mentir, toma um chá de camomila, e onde os beija-flor faz moldura sua vida passa como um filme, e enquanto isso o cansaço que a vida fácil de deixou vai se esvaindo, depois de tantas análises, tanta conversa, chega enfim a grande pergunta: - Meu filho, pra onde acha que deve ir ... Céu ou inferno ? 

Minha resposta? Qualquer lugar diferente que não seja aquele mundinho ali Senhor, onde nele eu já cheguei chorando ... 

( niQue Barbosa )

Acordei só um pouco tensa hoje, o café sem açúcar, a impressora travando, o calor do escritório sufocando, a preocupação em ouvir o grito roco da vida me chamando, tô só um pouco amarga demais, com a caneta que falha agora pra escrever, meu bem, é difícil levantar quando não se tem vontade de acordar, não agora, mas era para levantar que já tá na hora ... 
( niQue Barbosa )



Vez enquando me pego pensando, como vai sua vida?


( niQue Barbosa )





Fico me perdendo em páginas de diários, em pensamentos e temores, e o tempo vai passando. Covardia é uma palavra feia. Receio de enfrentar a vida cara a cara. Descobri que não me busco ou, se me busco, é sem vontade nenhuma de me achar, mudando o caminho cada vez que percebo uma luz. Fuga, o tempo todo fuga, intercalada por períodos de reconhecimento 

 ( Caio F de Abreu )

Doeu... E ela nem percebeu



Há algum tempo, venho me desconhecendo...

Dia desses, eu e minha mãe brigamos por algum motivo que nem me lembro mais.Suas manias, chatices, e extresses acabam comigo, ando saturada de algumas coisas que ultimamente estão acontecendo com frequência por aqui, então decidi me afastar de umas e outras incoerências, como a falsidade. Nunca nesses longos 16 anos de vida gostei disso, e tenho em mim que não preciso me render a tal repugnância. Enfim, não nos falamos direito faz alguns dias, não recebo mais beijo quando ela sai, e seu boa noite é tão frio, que ao subir para meu quarto nem meu cobertor consegue suprir tal frieza. Mas continuei tentando ser melhor, mais passiva e compreensiva, até perceber a atitude dela de ontem, que de tão simples, dueu. Ela comprou um novo suporte para escovas de dentes no banheiro, deixou a escova dela e de meu pai juntos no potinho novo, e a minha ficou naquele mesmo potinho velho, separado dos dois ...

( niQue Barbosa ) - trechos do Diário

Dilúvio de tempo



E era tudo questão de tempo. Dizem que o tempo cura, perdoa, ameniza, supera ... tempo,tempo, tempo. E o tempo passou. Pra ser exata 4 anos se passaram, e para um pequeno tropeço, esse tempo é tempo demais não acha? As várias pedras no caminho machucaram meus pés e minhas mãos, deixaram dolorida também as minhas costas, pois aprendi em algum lugar que para seguir em frente é preciso tirar as pedras do caminho, e isso se fazia amando, perdoando, andando ... Pois bem, o jardim foi replantado, o coração costurado, a paciência refeita, mas e a alma? Pois é. Ah! Quem sabe esse tempo que passou não encontre uma maneira de voltar e trazê-la novamente né? ... Porque os que disseram que o tempo passa, me afirmaram também que ele  não volta.

( niQue Barbosa )
 

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