Eu cheguei lá e nada vi. Como muitas das manhãs rotineiras, era de costume ver o que antes de pensar já se relacionava com você. Era de costume também, sentar na mesma mesa de uma pequena lanchonete tomar a mesma vitamina, e te observar de longe. Ver seus traços fortes, e todo o seu sarcasmo. Aquele dia foi estranho, não tinha você e nada lá também, nada que me desse motivos pra continuar ali, mas teimosa como sou continuei a sentar na mesma mesa, observando atentamente em meio a multidão onde você estava, te procurei ali durante dias, mas você não voltou mais. Então, faltou açúcar no café. Resolvi mudar por curiosidade, deixando a vitamina de lado, e me enchendo de cafeína. Só precisava de um pouco de açúcar pra adoçar o café e a vida. Lembro-me de quando conversávamos sobre nossos futuros apartamentos, seríamos vizinhos e você dizia que tocaria minha campainha todas as noites com uma xícara na mão pedindo um pouco de açúcar, e ao entrar me renderia em seus beijos, e me cobriria em seu abraço. Será que a única coisa que falta pra estancar essa ferida é só um pouco de açúcar? Mas eu sei que você vez enquando volta lá, e do mesmo jeito me procura ali também. Eu só não entendo porque essa distância, porque essa falta. Eu continuo sentando na mesma mesa e pedindo café lá todas as quartas, então quando chegar, não esqueça que deve ser com açúcar, com afeto...
(
niQue Barbosa )
